Eventually everything connects

27 jan

E Vivi sumiu por uns tempos. Um pouco de perdido, um pouco de muitas coisas, um pouco de n coisas, sumiu. Ficou sem falar com Tali, que primeiro achou que fez algo. Falou o que não devia?

Poucas coisas doem mais do que amiga que some, só talvez dente que precisa tratar canal, seguramente pisar no Lego…Tali arrumou outras cias, mas pensava sempre muito em Vivi. Se estava bem, se não estava. Será que a vida sem ela seguia divertida?

Deixou. Um dia Vivi liga. Muita coisa rolando. Vamos tomar um café? Foram. Tali só ver aquele anel douradinho no dedo. A tal da pedrinha. Tali quase cai para trás e pensa que até Vivi, vidaloka, ia casar.

Todo mundo menos ela.

Todo mundo antes dela. Se era uma corrida, já não é que ia chegar por último; havia fortes chances de ela não chegar, simplesmente.

E quem era o noivo? Como tinham se conhecido?

Mas jura que você deu na primeira vez? Jura que ele era casado? Separou? Não acredito. Conheceu no Tinder?

Tali estava boquiaberta. Todas as regras jogadas no lixo. E a amiga tinha convertido. Tali se sentiu mal. Como se tivessem pegado todo seu strategic business plan, jogado no lixo, e substituído por um estagiário que cada dia fazia o que dava na telha. Sem plano. Primeiro a gente transa, depois a gente vê.

Mas, afinal, a vida tem sempre razão, a amiga parecia feliz, ela suspirou. Agora, era arrumar outra cia para todas as festas.

 

 

Eu posso sempre… sempre que ela estiver no plantão

19 nov

Vivi tinha um colega de sala que era casado, mas não tinha decoro. De ficar solteiro para passar carnaval em Salvador e reatar na quarta-feira de cinzas, a até a postar publicamente aspectos negativos do casamento, para depois viajar com a esposa para Paris na mesma semana, todo mundo já sabia qual era a real…

Ainda assim, Vivi ficou muito supresa quando ele a convidou para “tomar um chopp”.

– Querido, eu não tomo chopp.

– Batida? Caipirinha?

– Não, e com você muito menos.

– Por quê? Acho que temos tanta sintonia… Somos os dois super cool, sabe, já a minha esposa é médica, tá sempre trabalhando…

– E…?

– Ah, vem aqui, eu trabalho perto da Paulista, por que não? Vamos no Prainha…

– Tem nada a ver não.

– Olha, se um  dia mudar de idéia, me avisa, tá?

– Hã?

– Eu posso sempre… sempre que ela estiver no plantão. 

Roteiro pré-estabelecido e sem final feliz!

19 nov

– Tali, tá foda.

– Que foi, amiga?

– Ah, meu ex né.

– Como assim?

– Internet é uma merda, Tali. Tô acompanhando o 4square, o Face, o Twitter. Tá seguindo o roteirinho dele. Ele tá engatando um relacionamento.

– Tem certeza?

– Sim, ele foi para a praia no feriado.

– E…?

– Ele tá com alguém. Ninguém vai para a praia sem alguém, ainda mais homem. Lembra que ele racha a pousada? Não ia pagar a diária sozinho nem a pau!

– Normal, Vivi. Parado é que ele não vai ficar!

– Ah, você sabe, amiga, que não gosto dele. Mas me incomoda ele seguir este mesmo script. É falta de originalidade! Ele também vai nos mesmos restaurantes do bairro dele! É previsível! Medíocre! Sem criatividade!

– Vivi, ele é medíocre! Ele não vai baixar o app Comer & Beber da Veja 2012 para se informar sobre novos lugares! Conforme-se! Aliás, ele tem um Android! Essa coisa de não ser original…

– Olha, não importa! Estou puta! Vou aproveitar que ele voltou a falar comigo e sair com ele!

– O quê?

– Aguarde!

Naquela noite, Vivi saiu com o ex.

No dia seguinte:

– Me conta! – ligou Tali.

– Ah, estou vingada. Me fiz, claro, e o deixei seguir com aquele roteirinho dele, jantar naquele rodízio japonês friturinha, café na padaria 24h, ouvir um som no apê… Ah, o que eu fiz? Fomos para a casa dele!

– O quê? Não acredito, Vivi!

– Calma! Quando ele tava começando a se animar, falei o nome do meu ex!

– O quêêê? Aquele que ele conhece?

– Isso! Para deixar bem claro!

– Vivi, sua doida! Ele deve ter perdido a…

– Exato! Foi com roteiro pré-estabelecido, só que dessa vez sem happy ending!

Valor-presente ou quem vê koroa não vê cara…

19 nov

Vivi estava sendo paquerada por um Koroa também (aliás, parecia que a nova moda era essa).

– Eu quero! Eu quero! Eu quero! Com um Koroa desse, amarro meu burro na sombra! Quem sabe não trabalho nunca mais! – disse Vivi. É um vale-pensão, praticamente! 

– Ai, você consegue? – exclamou Tali.

– Como, assim, consegue? Tali, você já namorou coisa pior, o meu Koroa é bonito, é alto, é rico, é cheiroso…

– Cheiro de Polo… Perfume de tiozão! Eu ia lembrar do meu pai, sabe? 

– Tá ótimo! Melhor ainda!

– Olha, cada uma com a sua opção, mas eu acho que eu não consigo. 

– Nunca tentou, nunca ficou.

– Sim, mas também esses caras são muito diretos. O cara já quer fazer o primeiro encontro ser um jantar na casa dele…

– Claro. Não tem tempo a perder! E quer mostrar que sabe cozinhar também, o que tem de mais?

– Pois é, você sai com um cara desse e ele já quer que você vá na casa dele no primeiro date. Já me sentiria intimidada aí, você chega lá, a pessoa já instalou uma meia-luz, já coloca Sade para tocar… Ai, me sinto intimidada! Cadê a conquista? Cadê o olho no olho? Cadê as afinidades?

– As afinidades são as sexuais, Tali. Já vê se a coisa funciona de cara ou não.

– Pois é, só que o cara começa a trazer tudo para valor presente, parece que não existe o dia de amanhã. Faz tanta diferença transar comigo hoje ou daqui a uns dias?

-Olha, ele pode morrer amanhã mesmo, especialmente depois de uma noite comigo… – diz Vivi.

– É bizarro. Se você sai para jantar fora, não sabe nem se vai conseguir pedir sobremesa e café sem a pessoa literalmente pular em cima de você. 

– Amiga, o homem mais velho é objetivo… Ele já vai direto ao ponto!

– Apressado! De homem afoito, já basta quando eu tinha meus 20 e poucos anos! Se a pessoa tem 50 e poucos anos e não sabe tratar uma mulher, não sou eu que vou ensinar!

 

25 ou 50?

19 nov

Para Tali, os últimos meses tinham sido… anormais. A distribuição etária dos paqueras na sua curva normal estava nos extremos: 25 ou 50.

Explica-se: numa mesma semana, tinha convites para um encontro com um 2.5 e um 5.0. Ficava se perguntando: “cade os caras de trinta e pouco? casaram? juntaram? separaram? entraram num sabático?”

– Ai, amiga, tá estranho! – reclamou para Vivi.

– Não reclama, Tali! Gerencia!

– Ai, meu, 25?

– Que que tem? Até parece que você tem 40!

– Tá, mas não gosto de homem mais novo. E meio que foi acidente ter ficado com ele!

– A-ham.

– Foi sim! Conheço desde que ele tinha 18. Só descobri que ele tava me paquerando quando colocou a mão na minha cintura.

– A-ham. E te agarrou.

– Bizarro.

– Olha, o Koroa tem mais chance de dar negócio. Vai gerenciando. O bom é que ele já está estabilizado. Já sabe o que quer!

– Ai, pois é, mas 50 também viu… Ai. não sei.

– Olha, amiga, esse de 25 é lindo, é culto, é rico, tem 1,90, é o príncipe da Hebraica. Agora, o de 50 tá bom também, é seu ex-professor, é consultor, já tem a vida dele. Os dois têm nível. Escolhe, Tali!

– Sei lá, é aquilo! Não estou preparada para acabar de criar ninguém e nem para trocar fralda!

Se o título da sua vida sexual fosse um filme…

30 ago

… poderia ser:

  • Velozes e Furiosos (auto-explicativo). 1, 2, 3, 4, n, n+1, n+2, … Como diria uma grande amiga de Vivi: “não importa se vai rápido, o importante é que vá de novo.”
  • Alice no País das Maravilhas: você, o coelho com o relógio na mão, sabe que o tempo está acabando, e cadê o tal País das Maravilhas? O Coelho só te apressando, meu!
  • Peter Pan: não adianta, ele não vai crescer! Nem com muito pó (de pirlimpimpim)!
  • Titanic: enorme, bonito, impressiona, mas afunda, e nada o tira de lá do fundo!
  • Procurando Nemo (auto-explicativo 2).
  • Lua de Fel. Se passa num navio, uma loira, uma morena, e um Cadinho para dar conta das duas!
  • Tropa de Elite: este é para quem não resiste a uma farda.
  • Corra Que a Polícia Vem Aí: para quem gosta de farda (2x).
  • Quatro Casamentos e um Funeral – e tem que ganhar bem para pagar todas as pensões.
  • À Deriva (auto-explicativo 3).
  • O Poderoso Chefão. Fetiche, logicamente (uma oferta que uma mulher não pode recusar?)

Mais idéias?

Luz, Câmera, Pegação

29 ago

Era uma vez um príncipe. Um homem alto, bonito, elegante, bem-nascido, empresário. Saindo com você.

E tinha também um cara aí. Ele não era alto nem era baixo. Ele não era bonito nem feio. Ele não era rico mas também não era pobre. Ele não era brilhante mas não era burro. Ele tinha um bom emprego mas não era nada excepcional. Também saindo com você.

Que mulher – e economista – nunca encarou um trade-off?

Mais canhões, menos manteiga. Menos canhões, mais manteiga.

Mais partido, mais espaço na agenda. Sábado à noite, com certeza!

Menos partido, mais sumiço. Terça-feira na hora do almoço, pode ser?

Pressionada pelo partido meia-boca, você sai com ele.

Claro, continua com o bom. Desmarca em cima da hora com o meia-boca para ver o bom.

Questão de prioridades.

O meia-boca pressiona. Segue o scrip pré-namoro.

Você, na pressa de close the deal, aceita o pedido de namoro do meia-boca, porque o bom partido começa a não se posicionar.

“Vou dar uma chance. O amor surge com o tempo”, você pensa.

Ele te leva em lugares até legais. Descobrindo algo juntos, talvez?

Jantares? Passeios? Viagens? Bom, no começo, ele paga a maior parte das coisas, mas aos poucos se revela: provinciano, pouca ambição  e, o pior, quer meiar!

Aí acaba o conto de fadas.

Passa-se um quarter. Você tem foursquare, ele também.

E ele? Está seguindo o mesmo roteiro, os mesmos lugares, nos mesmos dias e horários, só que com alguém diferente.

O scrip é e será o mesmo.

Ele estava dando uma chance também, mas não a uma pessoa.

Era um teste de atriz.

Luz, câmera, pegação.

Errou sua fala? Olhou torto?

– Próxima, por favor!

 

Miss Festa da Uva

8 ago

Vivi era gata. Vivi tinha nível. Loira, fina, inteligente, vestia-se bem. Quando chegava, parava tudo.

Quando Vivi cismava com um cara, o consenso era: já era. Ele podia ser casado. Ele podia namorar quem fosse. Ela era persistente e jogava o jogo. E não aceitava não.

Vivi não era de ficar esperando em casa. Afinal, Vivi não era Tali.

Vivi era poderosa. Sempre soube disso.

E tinha faro.

Gamou num cara. Ele era casado, mas veio atrás dela: “óbvio, é sempre a parte comprometida que começa.”  Ela nunca ligou para ele, mas gamou. Fez planos. Ele deu para trás. Mas ela disse: “esse casamento já acabou. Ele vai separar logo.”

Esperou, até que ele separou. Ela ficou na espreita, esperando o momento. Sempre conversando, como bons amigos, não dava nenhuma entrada, mas mostrava que estava ali. Que estava no jogo e que vencer era uma questão de tempo. Ou de segundo tempo.

Não foi com enorme surpresa quando viu nas redes sociais uns “curtir” velados, comentários muito presentes numas fotos de uma tal de Soberana, Embaixatriz…Ela não quis acreditar.

Solteiro, sim, finalmente, mas gastando munição com a Miss Festa da Uva?

Puxa, o pai era vinicultor e a menina tinha ganhado o concurso em 2001… Miss Uva-Passa?

Hoje em dia, as mulheres não têm tipo, elas têm pressa

8 ago

Tali estava há uns meses sem namorado, Vivi também. Elas sempre saíam muito, mas às vezes dava preguiça e não saíam também. Motivos? Cansaço, muito trabalho. Especialmente economia: por motivos nobres (Vivi queria fazer uma cirurgia plástica, Tali queria comprar o Land Rover) ou motivos fúteis (Vivi tinha ido pela enésima vez para Nova York, Tali tinha comprado sua primeira linha anti-idade L’Occitane). Enfim! 

Difícil era fazer as pessoas entenderem que não queriam sair. E emendar motivos:

– Hoje não vou. Estou sem dinheiro.

– Ah só semana que vem! Estou numa semana puxada no trabalho!

– Hoje não vai dar. Tenho jantar de time!

Os motivos iam ficando mais absurdos, porque é nas mentiras que as pessoas acreditam – ou não?

– Hoje também não. Meu gato está tossindo.

– Ah não posso! Esqueci a chave de casa no trabalho e vou ter que voltar para buscar!

– Hoje não dá! Quebrei o tornozelo!

 E por aí vai.

O pior eram os argumentos:

– Ah mas você tem que ir. Você pode conhecer o cara da sua vida hoje.

– Demorou, vamos lá. Tem que dar uma chance para o destino!

– Você tem que sair para conhecer gente nova. As oportunidades vão rareando, entende, especialmente depois dos 30…

E por aí vai.

Tali estava reclamando disso com Theo, seu melhor amigo homem, que ficar sozinha e sem sair era uma opção, que onde já se viu, ir de muleta para a balada, que ela não era a Brooke Shields no Met, pelo amor de deus…

– Tali, hoje em dia, as mulheres não têm tipo, elas têm pressa. 

10 Dont’s: checklist para um primeiro encontro

5 ago

Meninas, poupem seu tempo – e seu investimento em manicure e depilação! De cara, Vivi e Tali (com a ajuda impagável de Tassi no quesito business) já elaboraram uma lista de 10 dont’s para um primeiro encontro – que não vai virar segundo!

1) Comprovante de residência. Se ele é de outra cidade num raio maior de 30 km, esqueça. Não vai dar certo. Ninguém quer entrar num esquema de franquias, certo?

2) Estado civil. Para a lei brasileira, só existem 4 estados: ou é solteiro ou é casado ou é viúvo ou é divorciado, salvo os que entram na nebulosa lei do concubinato. Qualquer gray area entre um e outro, ie, namora há 10 anos, mora junto há 5 mas apresenta como noiva… TOMEM CUIDADO! (com o status do Facebook, também).

3) Celular pré-pago. Este item nem deveria estar aqui, mas enfim, tal é a quantidade de ferraris sem gasolina, ie, smartphones no plano pré-pago, se liguem meninas! Depois não vai poder colar aquela desculpa de que não respondeu seu torpedo porque não tinha crédito!

4) Beijos sem ser à meia-luz (auto-explicativo).

5) Don’t touch me. Cara muito fresco, que pede mil alterações no prato, trata mal o garçom, implica com o ponto da carne, cheira o vinho com afetação…

6) Blind-date. A versão século XIX do e-harmony e par perfeito não tem como dar certo… Diga que vai ao toilette, deixe o seu vintão na mesa para pagar a água mineral e o couvert (seja phyna) e saia correndo!

7) Moto(ciclistas). Ador(amos), especialmente a moto em questão custar pelo menos o que custa um carro popular e se vier com uma jaqueta de couro (legítimo). Mas que a moto sempre fique restrita aos fins de semana e que não seja o meio de transporte principal do cidadão. Mulheres, vestidos, saltos e cabelos (sem ou com escova progressiva e óleo de argan) não combinam com garupa e capacete. Se o homem vai de moto ao trabalho e não é motoboy, watch out! Tire o seu da pista com todas as suas cilindradas!

8) Apaixonadas por carro… como todo homem (e) brasileiro. O jeito como ele pilota, troca a marcha, coloca na vaga, faz baliza, corre demais (ou de menos), tamanho e condições do carro… Não vamos estender aqui, mas, para constar, Vivi gosta de S10, Tali de Land Rover e Tassi de Porsche.

9) Antecedência de 24 horas. Sabemos que o mundo dos dates é um mercado de opções, e todos querem exercer as melhores. Hoje em dia, ninguém marca de sair com apenas uma pessoa num dia, quiçá num final de semana. Porém, você precisa ser a primeira e melhor opção. Apenas aceite sair com um convite de pelo menos 24 horas de antecedência- até mesmo porque você se prepara com economia. Tipo, não precisa pagar pela depilação mais cara no Jacques Janine do Itaim porque a sua depiladora de bairro está cheia.

10) ROI >0. Menos do que isso, não dá. Dividiu a conta? Fez você gastar no táxi + depilação + manicure + Loungerie (Lojas Marisa?) mais do que o restaurante que te le levou para jantar? Cai fora. Negócio bom é win-win para os dois. Seguindo as nossas dicas, você chega lá!